quarta-feira, 30 de novembro de 2016

#ForçaChape - Nunca foi e nunca será "apenas um jogo".

Não há dúvidas que o que aconteceu na Colômbia na madrugada do dia 29 de novembro foi uma enorme tragédia, de proporções mundiais. Repentinamente, 71 vidas se foram num acidente aéreo, entre jogadores, comissão técnica, jornalistas e tripulantes. A dor da perda é enorme para todos que se sensibilizam com acontecimentos assim. 

Porém, todos aqueles que assim como eu amam o futebol, sentem mais do uma tragédia. Sentem a dor de um clube que em pouco tempo conseguiu a admiração de boa parte dos brasileiros, a dor de uma cidade apaixonada por um clube. Posso estar sendo severo demais com as palavras, mas a perda é como se fosse um parente próximo, alguém que você acompanha dia após dia. Além disso, a Chapecoense pode ser descrita como aquele brasileiro que, como muitos outros não tem muitas condições financeiras e rala muito, dia após dia, para conseguir alcançar seus desejos. Sempre colocando suas contas em dia, mesmo que não sobre muita coisa no fim do mês, tomando pancada e levantando em seguida, mas aos poucos vai subindo degrau por degrau. Subindo um pouco por dia e se orgulhando dos seus feitos e ganhando admiradores pelos seus gestos por onde passa.

Numa época em que temos tanto ódio no coração, que sempre estamos envolvidos em uma disputa ou temos que tomar partido por algum lado, (petralhas x coxinhas, "salvar o policial" x "salvar o traficante" e afins), atitudes de clubes pelo mundo todo como as vistas ao longo do dia são confortantes. Precisamos entender que antes de sermos rivais, somos todos irmãos. Antes de existir torcedor/jogador do time A e torcedor/jogador do time B, temos dois seres humanos. Ver o ato de união da grande maioria dos clubes brasileiros, que não só trocaram seus símbolos nas redes sociais pelo símbolo da Chapecoense - inclusive seus rivais catarinenses Avaí e Figueirense -, mas também ofereceram jogadores por empréstimo gratuito e a garantia de que o time ficará isento de um descenso nos próximos três Brasileirões é algo fantástico. Não só clubes brasileiros, mas também a solidariedade de clubes estrangeiros, como o Atlético Nacional/COL - time o qual seria o adversário no jogo desta quarta-feira e que pediu para a CONMEBOL dar o título da competição para a Chapecoense -, Libertad/PAR - que colocou todo seu time à disposição para atuar por qualquer  jogo que homenageie os mortos no acidente - e outros clubes pelo mundo, que prestaram suas condolências.



Ontem foi um dia negro na história mundial, e em especial na história do esporte. Dia de sites e páginas do Facebook com conteúdo de humor, independente do seu foco, demonstrarem respeito e não fazerem publicações durante o dia. 
Ontem foi um dia impossível de conter a emoção e o choro, durante vários momentos:
- Ao ver Galvão Bueno, que independente da sua opinião sobre a qualidade dele ou não como narrador esportivo é um dos maiores do país e fã de esportes, estar com a voz totalmente embargada hoje de manhã e dizer que não tem vontade de narrar mais nenhum jogo de futebol esse ano.
- Ao ver Alexandre Oliveira da ESPN Brasil, um cara conhecido pela sua alegria e irreverência, chorando pelo acontecido e dizendo que muitas vezes deixamos passar oportunidades e esquecemos de dizer o quanto amamos as pessoas que queremos ao nosso redor.
- Ao ver Silvio Luiz, um dos ícones da narração brasileira, às lágrimas e sem conseguir falar sobre o ocorrido por causa da dor da perda do amigo Mário Sérgio, ex-jogador, ex-técnico e (agora) ex-comentarista do Fox Sports.
- Ao ver que o Corinthians esqueceu da rivalidade caseira com o Palmeiras e tingiu seu site oficial e seu escudo de verde, dizendo que num dia como hoje "não há cores". 
- Ao ver o Desimpedidos - conhecidos pelo seu humor relacionado ao futebol - demostrarem profunda tristeza e lágrimas na já habitual Live das terças-feiras.

Toda essa comoção mostra que o futebol não é "apenas um esporte", como alguns podem afirmar. Nunca foi e nunca será "apenas um jogo". Futebol é uma paixão, que apesar de mostrar atos vergonhosos às vezes, também tem gestos de uma beleza gigantesca, unindo povos diferentes -inclusive aqueles vistos como rivais - por uma só causa, um só gesta, uma só dor.

Deixo aqui minhas sinceras condolências às famílias e amigos das vítimas - jogadores, comissão técnica, jornalistas e tripulantes - e um pensamento positivo que o tempo irá cicatrizar a dor e o sofrimento de vocês. A cicatriz fica, mas a dor um dia é superada.


sexta-feira, 27 de maio de 2016

O quão forte a vida pode bater e você continuar seguindo em frente

"Se ela estivesse estudando isso não aconteceria!"
Menina estuprada em escola de São Paulo reconhece agressores

"Se ela estivesse na igreja isso não aconteceria!"
Jovem é estuprada dentro de secretaria de igreja em Brasília

"Se ela estivesse em casa isso não aconteceria!"
Morre jovem encontrada com sinais de estupro dentro de casa na Zona Norte

"Se ela estivesse trabalhando isso não aconteceria!"
Jovem é atacada e estuprada a caminho do trabalho

"Se ela tivesse um namorado fixo isso não aconteceria!"
"Meu namorado me estuprou por um ano enquanto eu dormia"

"Se ela fosse mais família isso não aconteceria!"
Adolescente com deficiência física é estuprada pelo tio em RR

"Se ela fosse menos 'puta' isso não aconteceria!"
Menina (de 1 ano e meio) morta em igreja foi violentada

"Se ela tivesse mais cuidado isso não aconteceria!"
Jovem é estuprada em estação do Metrô de São Paulo

Eu poderia ficar aqui colocando links e mais links de notícias sobre estupro, em diversos locais, situações, parentesco dos envolvidos e outras coisas mais. Mas quanto mais eu vejo notícias assim, mais eu penso em como tem muita coisa errada no mundo, me entristecendo por isso. 

Pior que isso, é ver gente comentando coisas nada a ver, tentando dar desculpas para tal ato. "Fulana se porta indevidamente para uma mulher...", "Ciclana se veste como puta...", "Beltrana bebe muito, todo dia fica bêbada pro aí..." e afins. Você pode até achar que Fulana se porta indevidamente para uma mulher, que Ciclana se veste como puta ou que que Beltrana bebe demais; isso é uma OPINIÃO SUA, PESSOAL, ela não vai interessar para a maioria das pessoas ao seu redor, e creio que muito menos pra mulher que é alvo dela. O problema é usar isso para defender um ato desses. Nem nas cadeias isso é tolerável, visto que há vários relatos de que os estupradores são os que mais sofrem nos presídios. Ninguém merece ser violentado por andar na rua, por vestir essa ou aquela roupa, por beber mais ou menos que eu, você ou qualquer pessoa. Seja lá pelo que for, ninguém merece sofre um estupro.


Nessas horas, fico triste por ser homem, por ver que por causa de uma pequena parcela, a grande maioria de nós somos vistos como um perigo para as mulheres, como um "estuprador em potencial". Ninguém tem um "atestado de boa índole" pendurado no pescoço ou escrito na testa. Como viram em alguns links, muitas vezes o estupro vem da própria família, um antro no qual era pra prevalecer a fraternidade, compreensão e amor. Mas antes de me sentir "triste por ser homem", acho que é mais válido aqui a conscientização. Creio que minha obrigação como homem é, no mínimo, não só pedir desculpas para todas as mulheres que já passaram por essa situação e para as que vivem com medo de um dia passá-la; mas também fazer minha parte para que essa cultura do estupro acabe, informando e buscando por uma sociedade a qual prevaleça o respeito à todos, independente de raça, gênero, crença, cor ou qualquer outra coisa.

Não só pra essas mulheres, mas como todos, cito Rocky Balboa, em Rocky VI, que tenho pra mim como uma citação para que seja levada para todo sempre:


"Nem você, nem eu, nem ninguém baterá tão forte quanto a vida. Mas isso não se trata de quão forte pode bater. Se trata de quão forte pode ser atingido e continuar seguindo em frente. Quanto você pode receber e continuar seguindo em frente. É assim que a vitória é conquistada." (BALBOA, Rocky)

É isso que espero que todas pessoas, especialmente aqueles que são mais suscetíveis a intolerâncias (mulheres, negros, homossexuais e afins). A vida vai dar muitas pancadas ainda, umas mais fortes que as outras. Isso é algo inevitável. Mas não podemos desistir a cada pancada, temos que nos levantar e seguir em frente sempre. Cada pancada deve nos tornar mais fortes, mais lutadores, mais destemidos a conquistar nossas metas e o queremos. Por isso, casos como esse do estupro e tantos outros que a mídia não noticia devem nos dar mais gana de vitória, de luta por direitos, de fazer o que é certo e de mobilizar nossos amigos e familiares para o caminho certo. Você, menina vítima do que ocorreu, talvez nem leia isso, mas saiba que estou torcendo por você, para que esse trauma um dia passe e que você possa seguir sua vida sem medo, e que essa "surra que a vida te deu" seja usada um dia para mostrar que apesar dela, você teve forças para se levantar e seguir em frente, cuidar da sua vida, ser feliz e mostrar o quão forte você foi. Força, que você é muito melhor que aqueles 30 e tantos outros que estão por aí! FORÇA!

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

"Qual o limite do humor?"

"Qual o limite do humor?"

Creio que essa é a pergunta que 9 entre 10 humoristas já devem ter escutado em algum momento da sua carreira. Muito já se debateu sobre isso, principalmente em pautas sobre o preconceito. De fato, podemos dizer que os tempos mudaram um pouco. Antigamente, n'Os Trapalhões, não era raro fazer piadas sobre Mussum ser negro e "cachaceiro", Dedé transparecer um jeito um pouco afeminado, Didi ser nordestino e/ou Zacarias ter um jeito um pouco ingênuo e até infantil. Todos riam do grupo, e fez o sucesso que fez, por 25 anos, cativando jovens, e futuramente, seus filhos. 

Hoje em dia, ao invés de dizer que o "limite do humor está diminuindo", acho mais justo falar que o respeito às diferenças aumentou. Movimentos contra o preconceito por gênero, classe, cor, opção sexual, política, religiosa e afins vem ganhando força cada vez mais, e com todo o direito. Em pleno 2015, ver casos de desrespeito às diferenças é algo um pouco absurdo. É como se não estivéssemos evoluindo, é como se estivéssemos nos agarrando a conceitos arcaicos de épocas outroras, que não deveriam se aplicar nos tempos evoluídos (evoluídos?) de hoje. 

Sei que muito já se foi debatido sobre preconceito, inclusive aqui, aqui e aqui, mas não custa ressaltar. Continuo com a ideia de que alguns casos de preconceito deve ser tratado com desprezo, com desdém; pois alguns preconceituosos parecem querer mais notoriedade do que outra coisa. Mas em outros casos, acho que se deve lutar mesmo, brigar, se impor, se mostrar realmente descontente com a situação e tentar impor seu ponto de vista. 

O último caso ocorrido, o qual eu queria comentar aqui, me tocou mais do que qualquer outro, foi mais "pessoal". Quem me conhece, sabe que me considero um nerd/geek/gamer/otaku/qualquer-nomenclatura-não-denegritória que represente a chamada "sociedade de consumo pop". Filmes, séries, animes, games, tecnologia... sempre tento me informar o máximo possível sobre tais assuntos, sendo até procurado por alguns amigos quando querem perguntar algo ou tirar alguma dúvida sobre um desses temas. E esse fim de semana, ocorreu o maior evento dedicado à esse público da América Latina, a Comic-Con Experience, em São Paulo, de 3 a 6 de dezembro. Trazendo grandes nomes da cultura pop, como Frank Miller (uma das lendas dos quadrinhos, desenhista d'O Cavaleiro das Trevas e de Sin City), Evangeline Lilly (Kate de Lost e a futura Vespa da Marvel), John Rhys-Davies (Gimli, da trilogia d'O Senhor dos Anéis), Misha Collins (Supernatural) entre outras celebridades. Além disso, produtoras de renome internacional como a Fox, Warner, Disney e Netflix trazendo conteúdos exclusivos e várias celebridades e webcelebridades nacionais (Jovem Nerd, Castro Brothers, MRG, Irmãos Piológo entre outros). Tudo muito maravilhoso, com conteúdos exclusivos para o evento, muitos cosplayers de qualidade, segurança e um público que atendia e aceitava todos os pedidos da produção...

Até que chegou a cobertura do Pânico na Band. 

É de comum conhecimento que o Pânico sempre costuma cobrir eventos assim "da sua forma", com bastante sarcasmo, um humor mais "ácido", que tira bastante sarro dos entrevistados. Cabe a cada um levar na brincadeira ou não o que ouve do pessoal do programa, que já teve vários casos conhecidos de gente que REALMENTE não gostou de alguma brincadeira feita pelo programa e/ou simplesmente não gosta do estilo. Mas, dessa vez, o que ocorreu meio que "passou dos limites", principalmente dentro da comunidade nerd. A matéria foi ao ar no domingo passado, último dia da CCXP. Como vocês já devem ter visto - se não viram, é só verem aqui - é algo para se lamentar:


Primeiro de tudo, podemos comentar sobre a falta de conhecimento sobre o assunto. A matéria começa com Não estou dizendo que precisam ser expert no assunto, mas uma rápida Googleada em "Batman" para saber que Frank Miller NÃO foi o criador do herói, e sim o desenhista de uma das mais icônicas histórias do homem-morcego, "The Dark Knight Returns". Batman é de 1939, 18 anos antes do nascimento de Frank Miller. Não é questão de confusão, e sim de Matemática mesmo.

Mas isso é o mais "aceitável" da parte da matéria de dentro da Comic-Con. O velho esteriótipo de que o nerd é o cara inteligente, tímido, de gosto duvidoso para moda e impopular da escola foi usado. Para piorar, os cosplayers foram os principais alvos da dupla. Disseram pra mãe e filha que "a pia tava cheia de louça pra lavar" enquanto elas estavam no evento, chamaram de "trouxa" um cosplayer só por estar lá caracterizado, fizeram piada com um cadeirante que luta contra um câncer - sim, UM CADEIRANTE QUE LUTA CONTRA UM CÂNCER - e chegaram a lamber o braço de uma menina que fazia cosplayer da Estelar. 


Venho aqui depois de um dia ultra cansativo na CCXP, INFELIZMENTE fazendo uma postagem de extremo desgosto. Mas não é...
Posted by Myo Tsubasa on Sábado, 5 de dezembro de 2015

Vale lembrar que a versão da matéria que foi para o perfil oficial do Pânico no Youtube primeiramente teve a cena da lambida CORTADA, e agora o vídeo nem aparece mais na sessão.

O problema não é só o desrespeito à pessoa, e sim o desrespeito também ao TRABALHO desses cosplayers. Conheço alguns cosplayers e sei que isso é uma verdadeira arte, que muitas vezes é bastante onerosa. Trajes, perucas, maquiagem e outros acessórios com custeados muitas vezes do próprio bolso, e com valores altos, sem falar no sofrimento de ficar ali maquiado/fantasiado por várias horas, passando calor, fome e desconforto. É muito legal quando você vai em algum evento e vê um cosplayer do seu personagem favorito de filme/anime/série/game/o-que-for e vai lá tirar uma foto com ele, mas é difícil imaginar o quão duro ele deu e está dando para estar ali, acessível - talvez até mesmo sem querer estar - para que você possa tirar uma foto e publicar no seu Instagram. Eu mesmo já fiz isso (a parte de tirar foto, não a de desrespeitar)!

Uma foto publicada por Fernando Montanaro (@montanaroo) em

Além do mais, independente de todo o trabalho, é necessário respeitar a VONTADE de ser cosplayer. Ninguém está lá obrigado, todos - creio eu - fazem por GOSTAR daquilo. Se o menino quer usar uma armadura de 10 kg ou a menina quer usar uma saia e um top e se pintar de laranja, são problemas deles. Não cabe nem a mim, nem a você e nem a qualquer programa de televisão julgar se aquilo é certo ou errado, se é adequado ou não.

Com isso, venho aqui parabenizar a produção da CCXP, especialmente ao Grupo Omelete - um dos organizadores do evento e um dos maiores sites de cultura pop/nerd do Brasil - pela nota soltada na segunda-feira:


CCXP 2015 | Nota de repúdio ao programa Pânico na BandNa CCXP - Comic Con Experience, todas as pessoas são bem-vindas...
Posted by Omelete on Segunda, 7 de dezembro de 2015

Não só a postura do Omelete merece elogios, mas a como de outros "participantes" desse meio, como Marcos Castro e Afonso Solano e mais outros, que nas suas redes sociais repudiaram o comportamento do programa, além das manifestações em sites especializados, como esse aqui.



Infelizmente, quando você espera que o programa se retrate de alguma forma, depois de um dia de enxurrada de críticas e má publicidade em N sites, eles soltam essa:


Lamentável foi essa atitude, Pânico na Band. Lamentável.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Não reduza a maioridade, aumente a educação.

Ultimamente, o que tem tomado conta das discussões em grupos de Whatsapp, bares, academias e principalmente redes sociais é a proposta de Redução da Maioridade Penal, atualmente em 18 anos, para 16 anos. Muita gente contra, muita gente a favor... E como tenho meu blog e gosto de dar pitaco numa coisa ou outra, aqui vai a MINHA OPINIÃO. 

Antes de tudo, reitero que é a MINHA OPINIÃO, então você amiguinho que está lendo esse texto, você tem o direito de discordar dela ou não. Mas lembre-se... tem o direito de DISCORDAR, e não de DESRESPEITAR. Infelizmente, muita gente hoje em dia confunde as duas coisas, talvez achando que uma dá direito à outra, e a intolerância rola solta por aí, com força. O que não está do seu acordo e/ou é diferente do seu gosto não te dá o direito de falar mal. Por isso que tem tanta briga entre torcidas, briga entre partidários e outros exemplos de formas de proliferação do ódio por aí.

Mas vamos voltar ao foco. Muita gente a favor da redução da maioridade defende que "se um jovem de 16 anos pode votar, também poderia ser preso." Bem, são duas coisas diferentes. Ao votar, você TEORICAMENTE está querendo e projetando um futuro melhor para seu país, esperando que seu candidato faça o que de fato prometeu, caso ele seja eleito. Já debati com algumas pessoas que não acho que votar nulo seja a melhor das opções; creio que seja mais uma forma de "escapar da responsabilidade" do que se dar a cara à tapa para os resultados. Não acho que você possa cobrar algo de alguém caso você não tenha dado algum crédito à essa pessoa.

Mas prender um jovem 16 anos talvez não seja a melhor das opções. Vejam que estou dizendo TALVEZ NÃO SEJA. Não sou o dono da verdade, e pode ser que isso erradique em 100% os crimes no Brasil. Mas, na minha humilde visão, não é algo interessante de se propor. De alguma forma, estão aumentando a quantidade de gente que pode ser presa e colocada num local que já é superlotado por natureza, praticamente. Os presídios brasileiros trabalham muito acima da sua capacidade de detentos, o que gera revolta lá dentro e uma maior insegurança para quem trabalha lá. E salvo algumas exceções, pois nada nessa vida é livre de exceções, os presos não saem da cadeia melhores do que quando entraram. Muitos saem até piores, revoltados com a vida, o sistema e tudo mais. Daí a ideia de colocar um jovem de 16 anos lá dentro, no meio de criminosos de alta periculosidade, para que com 22, 23 ele saia de lá possivelmente pior do que entrou é uma coisa meio assustadora. 

"Ah, Monta... mas o que não falta é moleque por aí matando, roubando, estuprando e não sei o que mais!" Sim, claro que tem! É fato, só um cego não vê isso. Mas, no meu ver, reduzir a maioridade penal achando que essa onda de violência vai acabar ou diminuir é tipo querer tirar uma árvore do lugar, mas só cortar os galhos lá de cima, ao invés de arrancá-la pela raiz. (Gente, não derrubem árvores... foi só uma comparação que fiz! Repito: NÃO DERRUBEM ÁRVORES!) A solução pra isso é investir em educação. Daí entra outro problema: o sistema educacional. Atualmente, os alunos sentem-se repelidos pela escola, e buscam afastar-se dela. Professores maçantes, escolas estrutura e em alguns casos até falta de apoio da família... tudo isso faz com que o mundo fora de uma sala de aula seja mais atrativo do que dentro dela. O dever de uma instituição de ensino não é o de afastar seus alunos, mas sim de atraí-los, educá-los e mostrar como a educação pode modificar e influenciar para melhor não só o mundo em que vive, mas seus hábitos e tudo o que lhe acontece ao redor. 

Novamente, digo que não sou o dono da verdade. É capaz que, mesmo um adolescente recebendo uma educação adequada e que seja do seu agrado, ele pode entrar para o mundo da marginalidade? Claro que pode; o livre arbítrio tá aí pra isso. Mas as chances disso acontecer são menores do que a forma que vivemos hoje em dia, creio eu. Com estudo, a criança e o adolescente podem pensar mais no futuro, pensar mais na sociedade como um todo e em suas ações e efeitos. Viram "mentes pensantes", que podem contestar com argumentos ao invés de armas o que não lhe convém. Educação é a base de tudo, basta tratá-la bem e querer que ela seja essa base.

Mas, como a votação já rolou e deu no que deu, vamos ver o desenrolar da trama nos próximos capítulos. Oremos...

segunda-feira, 22 de junho de 2015

O que eu achei de: JURASSIC WORLD

Faz mais de 6 meses que não venho aqui, mas tive que vir pra comentar empolgadíssimo do filme que vi sábado.



Meu conceito é:

Primeiro de tudo, esse filme não é um remake nem um reboot. A melhor definição que posso achar pra esse filme é "homenagem". Uma bela homenagem ao filme de 1993, que com certeza ainda continua no imaginário de muita gente. Foi talvez a primeira vez que o cinema tenha visto algo com tanta qualidade de imagem. Misturando cenas 3D com animatronics, muita gente se impressionou e se apavorou com dinossauros com tamanho realismo que só víamos nos livros e revistas. Chega daquele stopmotion de décadas passadas... a coisa na época tinha dado um salto gigantesco em relação à tecnologia e entretenimento.

PROMETO NÃO DAR SPOILERS DO FILME!!
Esse novo filme mostra o Parque dos Dinossauros, idealizado por John Hammond, agora inaugurado. Passeios em pequenos Tricerátopos, andar de carro ao lado de Galimimos, visitar um "parque aquático" e poder ver um Mosassauro alimentando-se de um tubarão, entre outras atrações. A treta começa por causa de um dinossauro híbrido, criado e modificado geneticamente. Ele, por ser inteligente, consegue escapar do seu padoque e começa a "aprontar altas confusões que até Deus duvida" (imagino esse filme passando na Sessão da Tarde e o narrador apresentando-o assim). Daí, entra o papel de Owen Grady (vivido pelo novo queridinho de Hollywood Chris Pratt), uma espécie de "tratador" dos dinos, e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard), a chefe de operações do parque. Além de tentarem capturar o dino híbrido - chamado de Indominus Rex -, eles precisam resgatar os sobrinhos de Claire, Zach (Nick Robinson) e Gray (Ty Simpkins), que se perderam pelo parque.

Como eu falei, o filme faz diversas homenagens ao original, de 1993. Várias cenas inspiradas, cenários, objetos... quem viu o primeiro Jurassic Park e adorou vai sentir-se nostalgiado com o tanto de links entre os dois filmes. Poderia até citar quais são, mas prometi não soltar spoilers aqui. A única coisa que sugiro é que VÃO ASSISTIR ESSE FILME. A história é boa, linear, sem muita enrolação e as atuações são muito boas. Sem contar que o final é APOTEÓTICO!!

"Aquela hora que aparece o Thor batendo num Pterodáctilo..."

Não sei se é pela empolgação aparente que estou com esse filme, mas confesso que acho que ele até ultrapassa Vingadores: A Era de Ultron como o melhor filme que vi esse ano - tudo bem que não vi Mad Max, mas whatever... Inclusive, Jurassic World bateu a bilheteria de estréia de Vingadores e ganhou até uma homenagem de Kevin Feige, o produtor cinematográfico da Marvel Studios e a mente pensante por trás de toda cronologia dos filmes da MCU (Marvel Cinematic Universe, ou o Universo Cinematográfico da Marvel). Pra ganharem do filme que muitos diziam ser o mais esperado de 2015, é porque o filme é realmente bom. Muito mesmo!

"Não é só você que pode ter uma montaria
como o Groot, Rocket!!" (QUILL, Peter)

Enfim, suba no seu Velociraptor criado em cativeiro e corra pro cinema mais próximo! Valeu!

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

"Boa noite, vizinhança".

Essa semana eu tava bolando um post novo pro blog, pois faz um bom tempo que não coloco nada aqui. Seria sobre os novos seriados que tou assistindo, dando minha opinião sobre eles e tal. Li algumas críticas que vem sendo feitas a alguns deles e iria criar um post sobre eles. Mas hoje, especialmente hoje, o momento pede outro foco.

O dia já começou com todos sabendo que não seria um dia típico como outros. Afinal, hoje é a Black Friday, onde sites e lojas fazem promoções de seus produtos, dando até 70% de desconto neles. Algumas promoções são meio fajutas, é claro; mas nada que um pouco de pesquisa não ajude. Enfim, o dia de hoje só tendia a trazer alegrias... mas apenas tendeu. Como todos já devem saber, Roberto Gómez Bolaños, 85 anos, o criador dos personagens Chaves, Chapolim, Chesperito, Dr. Chapatin entre outros, faleceu hoje no México, de uma parada cardíaca. 



É impressionante como Chaves foi - e ainda é - um mito mundial. Canais de comunicações de vários países da América Latina informam com um imenso pesar o falecimento. E no Brasil, a coisa não foi diferente. Portais importantes e de renome nacional, como o Uol, Folha de São Paulo, Estadão e até o G1, da toda poderosa Rede Globo deram um grande destaque ao ocorrido, inclusive com o perfil do Facebook da emissora carioca compartilhando um post da SBT, emissora rival e "casa" do Chaves no Brasil, prestando homenagem à Bolaños, mostrando uma postura humilde e merecedora de aplausos. Além de canais de jornalismo, outros grupos de diferentes ramos, como o Esporte Interativo, Revista Superinteressante, Omelete, Jovem Nerd, Ligados em Série e vários mais anunciaram tristemente o ocorrido. Muitas - e muitas MESMO - celebridades, em mensagens no Twitter, Instagram e/ou Facebook, também prestaram sua homenagem. É impressionante como perfis de diferentes "modalidades" - humorísticas, informativas, esportivas ou pessoais - comentam a morte do eterno Chesperito, e até os que são voltados para o humor respeitam a vida e a carreira dele e se negam a fazer alguma piada.

Podem dizer que eu estou querendo aproveitar o ocorrido e tentar "alguma fama", falando de um assunto em voga do momento. Não quero fama. Não faço esse post querendo ganhar algo. Faço esse post como um eterno fã, que quer demonstrar de alguma forma sua idolatria pelo seriado. Não vou dizer que estou triste como se tivesse perdido algum parente próximo, mas realmente fiquei triste. Confesso que chorei, meio que atônito, ainda como se não tivesse caído a ficha. Infelizmente, depois de tantas vezes tentarem "matar" Roberto Gómez Bolaños, essa realmente foi verdade.

Quem me conhece sabe o quanto sou fã de Chaves. Tenho camisas de Chaves, Chapolim e Seu Madruga, pelúcias de Chaves e Chapolim,  além do jogo "Chaves Kart" pro XBOX. Sem contar que vivo repetindo bordões famosos em algumas oportunidades. Sempre que posso assisto algum episódio, mesmo sabendo de cor e salteado todas as falas e ações. Um cara que, com um humor simples, sem apelar nas piadas, conseguiu divertir gente de todas as nacionalidades, idades e classes. Singelamente, conseguiu passar lições valiosas, sobre humildade, pureza, esperança, amizade e amor ao próximo, até mesmo aos seus "inimigos". Se eu pudesser mandar alguma mensagem para ele, agradeceria por todos os episódios memoráveis e por me divertir por muito tempo da minha infância/adolescência/fase adulta.


Uma das coisas que mais me emocionei sobre Chaves é esse vídeo do canal Anos Incríveis, fã declarado do seriado, visitando a casa de Roberto e mostrando que ele é como Chaves: simples, humilde e capaz de emocionar todos com um gesto muito singelo. O vídeo é um pouco longo, mas vale a pena.


Vai com Deus, Bolanõs. Parabéns pela carreira brilhante e por levar alegria a muita gente conhecida. E acho que se ele tivesse que dar uma mensagem para todos seus fãs antes da sua morte, ele não daria adeus. Daria um "Boa noite, vizinhança."





UPDATE:

Tou colocando aqui o vídeo do especial que a SBT fez, de 15 minutos, em homenagem ao mestre Bolaños. Tá realmente emocionante, de tocar fundo mesmo o coração de cada um, especialmente dos fãs.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

As eleições do ódio.

Até que enfim, domingo teremos o tão aguardado segundo turno da eleição presidencial. Nesse tempo, e especialmente nesse período entre os dois turnos, muito se discutiu, debateu, fez carreata, musiquinha, vídeo etc., e enfim, escolheremos quem será o presidente do país pelos próximos 4 anos. Com certeza, essas eleições foram as eleições da informatização e rapidez da informação. No instante da notícia, várias pessoas já comentavam a respeito dela, expressando sua opinião sobre a verdade ou a inverdade do fato exposto. Passeatas, grupos de debates e afins ganharam força com o advento das redes sociais, o que por um lado é bom, pois mobiliza mais pessoas para o debate.

Por outro lado, esse período é bem oportuno para o aparecimento de "figurões", "aparícios"... gente querendo se promover. Ou pior, pregar a falta de respeito não só com o candidato adversário, mas também com aqueles que o seguem. Acabei de ver um vídeo do Cauê Moura, do Desce a Letra, no qual ele foi bem feliz em usar uma expressão: Essa foi a eleição do ódio. Comentei isso no meu post anterior e novamente falo que o que mais vejo são ataques de um lado para o outro ao invés de propostas. Debates na TV viraram algo parecido como acontecia na Roma antiga, onde gladiadores lutavam até a morte em arenas lotadas de gente sedentas por carnificina. A diferença é que agora, as armas usadas são palavras e notícias - uma fundamentadas em baboseiras, outras não -, e a luta vai até o tempo da sua resposta/réplica/tréplica acabar. Se bem que em São Paulo até que o pessoal chegou perto do que realmente eram os duelos entre gladiadores...


É muito fácil abrir a boca para acusar o candidato A ou B de corrupto. Gente que fala que "vou votar em Dilma porque Aécio é cheirador de pó" ou "vou votar em Aécio porque Dilma é uma vaca que nem sabe falar direito" só incita mais ainda esse ódio da população por um deles. Infelizmente, não sei se por causa disso ou do por causa do próprio discurso dos candidatos vistos nos programas e debates realizados, esse termina sendo o principal motivo pelo qual alguns brasileiros escolheram seus candidatos: "Voto em Fulano porque não voto em Cicrano." Não, bixo... não! Tá tudo errado, a começar pela intolerância política! Não sou obrigado a aceitar o que pessoas que pensam diferente de mim tem a dizer; mas as ouço e respeito-as. Política não deve ser encarada como "Jogos Vorazes", como uma briga ou uma discussão que, se não for controlada, pode chegar a acabar com uma amizade ou, pelo menos, mudar a visão que você tem de determinada pessoa. Devemos ser mais tolerantes, aceitar aquilo que é diferente de você com respeito. No fim das contas, tudo termina voltando à história do preconceito, que desde que o mundo é mundo é discutida.

Não vou dizer que não devemos olhar pro passado pra escolher nosso representante em Brasília, afinal - e talvez, infelizmente - a primeira impressão é a que fica. Mas alie isso ao que os candidatos prometem e analisem se é possível cumprir o que dizem. E, por favor, não diga que vai votar em Fulano porque Cicrano é corrupto. Tanto Dilma quanto Aécio são corruptos. Robinson e Henrique também. Até você que está lendo esse post e eu que estou escrevendo somos corruptos. A corrupção não é só aquela que existe na política; ela é mais que isso. É você furar uma fila, não devolver o troco que veio a mais ou não avisar que está faltando algo na sua conta, estacionar em local proibido ou que é próprio para outras pessoas com a desculpa de que "é rapidinho, venho já"... enfim, é você que tira proveito de alguma coisa em detrimento a outra pessoa/coisa. A corrupção é algo intrínseca do ser humano: ele foi, ele é ou ele ainda será corrupto um dia. 

Enfim... espero que tudo ocorra bem, que amizades não se acabem por causa de política e que a partir de terça-feira falemos bem menos sobre isso. E, seu candidato ganhando ou perdendo, o que importa é que pelos próximos 4 anos teremos que aguentá-lo, quer você queira ou não. Por isso, ao invés de desacreditar no país, continue torcendo e agindo para que ele prossiga se desenvolvendo. Depois de domingo, poderemos voltar à debater questões mais importantes que envolvem escolhas e preferências, do tipo XBOX x Playstation, Marvel x DC ou Fifa x PES.

(À propósito, fico com os três primeiros de cada embate...)