Na vida, acho que a gente tem que estabelecer metas. Metas curtas, para aos poucos, chegarmos numa meta maior, que pra mim, é ter uma vida tranquila e estabilizada. Entretanto, nem tudo na vida - pelo menos na maioria dos casos, eu acho - sai da forma como planejamos. Daí, temos que criar rotas alternativas para não empacarmos num ponto.
Nunca escondi de ninguém que desde que entrei no curso de Matemática, em 2009, queria ser professor. Acho uma carreira linda, apaixonante pra quem gosta, e por mais que falem que professor no Brasil "morre de fome", há quem ganhe bem - e muito bem - com isso. Basta saber fazer o seu trabalho muito bem, ter um pouco de Q.I. e de sorte também, tipo estar no lugar certo e na hora certa. Vontade essa que só aumentou em 2010 e 2011, os dois anos os quais fui monitor de Cálculo Diferencial e Integral, uma das principais disciplinas dos cursos de exatas, base para várias outras; e também cursada em alguns cursos de humanas e de biociências/biomédicas. Gostava de ir pra monitoria, me sentia bem explicando limites, derivadas, integrais; e saia com o ego inflado e um sorriso no rosto quando ouvia coisas do tipo "Caramba... agora sim eu entendi..." ou "Você quem deveria dar aula no lugar do professor, pois você explica melhor do que ele", as quais já ouvi.
Tinha planos ousados. Não queria me estagnar dando aula para ensino fundamental e/ou médio. Não sou contra quem dá aula nesses níveis, muito pelo contrário: agradeço muito aos meus professores do colégio que me fizeram gostar de Matemática. Mas eu queria voos maiores, acho que temos que crescer até onde não der mais, e não apenas nos acomodarmos com o que temos. Daí, a vontade de lecionar no ensino superior. Mas para isso, a graduação só não contava, teria que ir além, teria que partir para um mestrado, coisa que consegui entrar.
Pois bem. Achei que conseguiria levar, mas não consegui. Além do fato das matérias serem pesadas demais, fazer um mestrado e trabalhar ao mesmo tempo, por mais que os dois sejam no mesmo local, é algo difícil. Haters virão falar "mimimi tu não faz nada cacacá emprego público". Não é porque meu emprego é público que não trabalho, brasileiro tem que tirar isso da cabeça. Coisa pra fazer aparece todo dia, uns dias mais, outros dias menos; mas até nos menos, é difícil estudar por eu trabalhar num local que não estou sozinho: entra e sai gente a toda hora, o telefone toca, gente daqui vê TV... enfim, tudo conspira para não estudar aqui. Quando chego em casa, bate um cansaço, fome, sono... ainda consigo estudar um pouco, mas não tanto o quanto queria.
Aliado a isso, ainda tem um fato que nunca deixei de levar em consideração: o de que esse mestrado não é minha área preferida e que acho que estou nele por "falta de opção". Nunca escondi que prefiro a área de Análise, a qual o local mais perto daqui que tem um mestrado nessa área é João Pessoa. Mas, novamente, o trabalho aparece como um entrave: nos dias de hoje, não é fácil largar um emprego... ainda mais público... e federal! É algo que muitos batalham pra isso, passam até anos estudando para, quem sabe, alcançar o lugar que alcancei. Uma opção seria a transferência, mas não é algo assim tão fácil.
Por isso, resolvi deixá-lo um pouco de lado pra me dedicar ao meu trabalho. Tenho uma chance real de, quem sabe, virar chefe do meu setor, coisa pra daqui a uns 3 anos, talvez. Vou aproveitar esse tempo para me capacitar aqui dentro, fazer cursos que deixei de fazer por conta do mestrado. Talvez até, quem sabe, sair desse mestrado e procurar fazer um mestrado profissional. Acho que PRO MOMENTO, é o melhor que eu faço. Duro ter que assumir isso, mas é verdade. Não quer dizer que eu abandone de vez a ideia de seguir a carreira acadêmica, mas analisando friamente a situação e pensando racionalmente, acho que é uma boa deixar essa vontade meio que em stand by, pelo menos por enquanto, e partir pra algo mais real, algo mais próximo da minha realidade. Gosto de trabalhar aqui no almoxarifado, me sinto a vontade, integrado com o pessoal, com competência pra resolver determinadas coisas e com uma certa autonomia em determinadas ações. Já meio que me culpo as vezes por ter, digamos, "jogado fora" 5 anos meus fazendo Ciências Contábeis, por isso não quero dar uma outra empacada na minha vida com outra coisa que não é muito do meu agrado.
Sei que o texto tá grande, vai ser chato de ler, cansativo, e por isso pouca ou talvez nenhuma pessoa leia. Mas é bom ter esse blog pra fazer esses desabafos. É como se eu estivesse escrevendo algo para, no futuro, ler e usar de exemplo comigo mesmo. É bom saber que, além de algumas pessoas com quem posso contar - pelo menos uma eu sei que tem -, tenho esse espaço meu, que posso dividir com outros, e principalmente, comigo mesmo.
"Found my hope and pride again... Rebirth of a man..."
(Rebirth, do Angra)