sexta-feira, 28 de março de 2014

O Dia da Saudade

"Hoje é feriado, é o dia da saudade... "
(Raul Seixas)

Mais uma vez, Raul Seixas sempre acertando. Entretanto, Raulzito só errou a data, ao meu ponto de vista: o que originalmente se comemora dia 30 de Janeiro, para mim é comemorado hoje, dia 28 de Março.

Há 15 anos, morria um cara com quem convivi por "apenas" 14 anos. Mas esses 14 anos contaram muito, contam mais que muito gente que conheço a quase 30. Me ensinou muitas coisas, mesmo quando eu ainda era criança, onde não tinha muito discernimento das coisas. Não precisava dizer "meu filho, vou te ensinar uma coisa..." para que eu prestasse atenção nele, gravando mentalmente cada detalhe de alguma cena marcante ou de alguma história que ele contava. Um cara em quem me espelho, tento ao máximo imitar seus gestos, atitudes e até piadas (sim, todos dizem que ele era um cara hilário). Sempre foi um pai presente, amigo e companheiro. 


Já falei várias vezes dele aqui nesse blog, e não me cansarei de falar tantas outras. Não sei se a cada vez, a saudade aumenta ou diminui, mas sei que nunca ela vai deixar de existir. Minha vida seria totalmente outra se ele estivesse aqui; talvez para melhor, pois ele nunca deixou faltar nada em casa, e não seria hoje, caso estivesse vivo e saudável, que deixaria faltar algo.

Ainda hoje me lembro daquele domingo de manhã, por volta de 5h, na casa do meu tio: eu saindo do quarto e encontrando minha mãe na sala, aos prantos. Nenhuma palavra precisou ser trocada naquela hora, só minha visão do momento já tinha me explicado o que havia ocorrido: eu, com 14 anos recém-completados, virava órfão de pai. Não pude me despedir dele em vida com tudo o que realmente queria dizer, pois sempre me despedia com um "tchau" quando eu saía do hospital, com a esperança de que na próxima vez que eu o visitasse, ele estivesse lá. Talvez na inocência da minha infância, talvez pela esperança que ele melhorasse - mesmo já sabendo que ele praticamente tinha os "dias contados". Mas se eu pudesse voltar ao passado, diria pra ele, mesmo se ele não entendesse por estar já vitimado pela doença, tudo o que ele significou para mim no nosso pouco tempo de convivência e o como ele foi, é e sempre será importante pra mim.

Obrigado, pai. Por todos os momentos ao seu lado, seja fisicamente ou espiritualmente. Te amo.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Preconceito

Não é de hoje que preconceito está presente no nosso dia-a-dia. Toda semana, novos casos aparecem, sejam no esporte, em redes sociais, no cotidiano, em novelas (meio que "disfarçadamente" colocado nelas) etc.

Mas o que pode realmente ser considerado preconceito? 


Atire a primeira pedra quem nunca foi preconceituoso com alguma pessoa ou coisa só pela aparência, alguma ideologia diferente da sua ou simplesmente porque você "não foi com a cara" quando a conheceu. Todos nós temos um pouco de preconceito dentro de nós, até mesmo os negros, que geralmente são as maiores vítimas disto. Quem nunca reclamou de alguém que gosta de uma música, um filme ou alguma comida antes mesmo de experimentá-la? Cada um de nós já soltamos um "mas como é que você gosta disso?" em alguma oportunidade, certeza. 

Na minha HUMILDE OPINIÃO, muito do preconceito está na cabeça de cada um. Fazer piada com sulista pode, mas com nordestino não? Chamar um japonês de "pinto pequeno" pode, mas chamar um negro de "zulu" não pode? Chamar loira de burra tá ok, mas chamar morena de burra não? Piada de feminismo pode, mas piada de machismo não? Quem definiu isso? A história? Foi a história que decidiu que apenas pessoas daquela raça/cor/credo/status podem se dizer vítimas de preconceito? AH, VÁ!


O mundo hoje está mudado. As pessoas devem se libertar de certos paradigmas e relevar muita coisa que se ouve hoje em dia. Você ri de uma piada de um humorista sobre um japonês, por exemplo, mas não ri de uma piada sobre um negro vinda desse mesmo humorista, quando na verdade ele quer a mesma finalidade: divertir seu público, simples. Você acha engraçado quando associam Lula à bebida, Ronaldo à gordura, Tiririca à falta de alfabetização ou outra característica comumente utilizada no humor? Se ponha no lugar deles. É fácil rir quando você está fora, mas difícil quando está dentro. Por isso mesmo, acho que todos deviam levar a vida mais no divertimento. Já existem tantas coisas por aí que abalam nosso juízo, problemas reais... por que não se desligar um pouco e rir de si mesmo? Ria de piadas com Lula, com Ronaldo, com Tiririca... mas ria de piadas com você também. Abra sua mente (gay também é gente... baiano fala 'oxente'...) para o humor e para a vida.

Não estou querendo isentar as pessoas preconceituosas; dependendo da ofensa elas devem ser punidas SIM. Mas quem pode julgar o que é preconceito e o que não é? A justiça? O povo? Quem sofreu o preconceito? Isso é uma questão que vai mais além na discussão, pois envolve o local, o momento, o teor e os envolvidos no ato até então dito preconceituoso. Mas, guardadas as devidas proporções e medidas, o melhor a se fazer é ignorar o caso. Racistas querem ibope, querem aparecer. Quanto mais público tiverem, mais irão aparecer. É como o @MussumAlive twittou hoje pela manhã:



Só quem perde com o preconceito, partindo de onde for e atingindo quem for, é a humanidade, que em pleno século XXI, as vezes se comporta como se estivéssemos na Idade da Pedra, regredindo ao invés de progredir. Livre-se o máximo possível de todos preconceitos... inclusive daqueles que são internos.