"Hoje é feriado, é o dia da saudade... "
(Raul Seixas)
Mais uma vez, Raul Seixas sempre acertando. Entretanto, Raulzito só errou a data, ao meu ponto de vista: o que originalmente se comemora dia 30 de Janeiro, para mim é comemorado hoje, dia 28 de Março.
Há 15 anos, morria um cara com quem convivi por "apenas" 14 anos. Mas esses 14 anos contaram muito, contam mais que muito gente que conheço a quase 30. Me ensinou muitas coisas, mesmo quando eu ainda era criança, onde não tinha muito discernimento das coisas. Não precisava dizer "meu filho, vou te ensinar uma coisa..." para que eu prestasse atenção nele, gravando mentalmente cada detalhe de alguma cena marcante ou de alguma história que ele contava. Um cara em quem me espelho, tento ao máximo imitar seus gestos, atitudes e até piadas (sim, todos dizem que ele era um cara hilário). Sempre foi um pai presente, amigo e companheiro.
Já falei várias vezes dele aqui nesse blog, e não me cansarei de falar tantas outras. Não sei se a cada vez, a saudade aumenta ou diminui, mas sei que nunca ela vai deixar de existir. Minha vida seria totalmente outra se ele estivesse aqui; talvez para melhor, pois ele nunca deixou faltar nada em casa, e não seria hoje, caso estivesse vivo e saudável, que deixaria faltar algo.
Ainda hoje me lembro daquele domingo de manhã, por volta de 5h, na casa do meu tio: eu saindo do quarto e encontrando minha mãe na sala, aos prantos. Nenhuma palavra precisou ser trocada naquela hora, só minha visão do momento já tinha me explicado o que havia ocorrido: eu, com 14 anos recém-completados, virava órfão de pai. Não pude me despedir dele em vida com tudo o que realmente queria dizer, pois sempre me despedia com um "tchau" quando eu saía do hospital, com a esperança de que na próxima vez que eu o visitasse, ele estivesse lá. Talvez na inocência da minha infância, talvez pela esperança que ele melhorasse - mesmo já sabendo que ele praticamente tinha os "dias contados". Mas se eu pudesse voltar ao passado, diria pra ele, mesmo se ele não entendesse por estar já vitimado pela doença, tudo o que ele significou para mim no nosso pouco tempo de convivência e o como ele foi, é e sempre será importante pra mim.
Obrigado, pai. Por todos os momentos ao seu lado, seja fisicamente ou espiritualmente. Te amo.