quarta-feira, 30 de novembro de 2016

#ForçaChape - Nunca foi e nunca será "apenas um jogo".

Não há dúvidas que o que aconteceu na Colômbia na madrugada do dia 29 de novembro foi uma enorme tragédia, de proporções mundiais. Repentinamente, 71 vidas se foram num acidente aéreo, entre jogadores, comissão técnica, jornalistas e tripulantes. A dor da perda é enorme para todos que se sensibilizam com acontecimentos assim. 

Porém, todos aqueles que assim como eu amam o futebol, sentem mais do uma tragédia. Sentem a dor de um clube que em pouco tempo conseguiu a admiração de boa parte dos brasileiros, a dor de uma cidade apaixonada por um clube. Posso estar sendo severo demais com as palavras, mas a perda é como se fosse um parente próximo, alguém que você acompanha dia após dia. Além disso, a Chapecoense pode ser descrita como aquele brasileiro que, como muitos outros não tem muitas condições financeiras e rala muito, dia após dia, para conseguir alcançar seus desejos. Sempre colocando suas contas em dia, mesmo que não sobre muita coisa no fim do mês, tomando pancada e levantando em seguida, mas aos poucos vai subindo degrau por degrau. Subindo um pouco por dia e se orgulhando dos seus feitos e ganhando admiradores pelos seus gestos por onde passa.

Numa época em que temos tanto ódio no coração, que sempre estamos envolvidos em uma disputa ou temos que tomar partido por algum lado, (petralhas x coxinhas, "salvar o policial" x "salvar o traficante" e afins), atitudes de clubes pelo mundo todo como as vistas ao longo do dia são confortantes. Precisamos entender que antes de sermos rivais, somos todos irmãos. Antes de existir torcedor/jogador do time A e torcedor/jogador do time B, temos dois seres humanos. Ver o ato de união da grande maioria dos clubes brasileiros, que não só trocaram seus símbolos nas redes sociais pelo símbolo da Chapecoense - inclusive seus rivais catarinenses Avaí e Figueirense -, mas também ofereceram jogadores por empréstimo gratuito e a garantia de que o time ficará isento de um descenso nos próximos três Brasileirões é algo fantástico. Não só clubes brasileiros, mas também a solidariedade de clubes estrangeiros, como o Atlético Nacional/COL - time o qual seria o adversário no jogo desta quarta-feira e que pediu para a CONMEBOL dar o título da competição para a Chapecoense -, Libertad/PAR - que colocou todo seu time à disposição para atuar por qualquer  jogo que homenageie os mortos no acidente - e outros clubes pelo mundo, que prestaram suas condolências.



Ontem foi um dia negro na história mundial, e em especial na história do esporte. Dia de sites e páginas do Facebook com conteúdo de humor, independente do seu foco, demonstrarem respeito e não fazerem publicações durante o dia. 
Ontem foi um dia impossível de conter a emoção e o choro, durante vários momentos:
- Ao ver Galvão Bueno, que independente da sua opinião sobre a qualidade dele ou não como narrador esportivo é um dos maiores do país e fã de esportes, estar com a voz totalmente embargada hoje de manhã e dizer que não tem vontade de narrar mais nenhum jogo de futebol esse ano.
- Ao ver Alexandre Oliveira da ESPN Brasil, um cara conhecido pela sua alegria e irreverência, chorando pelo acontecido e dizendo que muitas vezes deixamos passar oportunidades e esquecemos de dizer o quanto amamos as pessoas que queremos ao nosso redor.
- Ao ver Silvio Luiz, um dos ícones da narração brasileira, às lágrimas e sem conseguir falar sobre o ocorrido por causa da dor da perda do amigo Mário Sérgio, ex-jogador, ex-técnico e (agora) ex-comentarista do Fox Sports.
- Ao ver que o Corinthians esqueceu da rivalidade caseira com o Palmeiras e tingiu seu site oficial e seu escudo de verde, dizendo que num dia como hoje "não há cores". 
- Ao ver o Desimpedidos - conhecidos pelo seu humor relacionado ao futebol - demostrarem profunda tristeza e lágrimas na já habitual Live das terças-feiras.

Toda essa comoção mostra que o futebol não é "apenas um esporte", como alguns podem afirmar. Nunca foi e nunca será "apenas um jogo". Futebol é uma paixão, que apesar de mostrar atos vergonhosos às vezes, também tem gestos de uma beleza gigantesca, unindo povos diferentes -inclusive aqueles vistos como rivais - por uma só causa, um só gesta, uma só dor.

Deixo aqui minhas sinceras condolências às famílias e amigos das vítimas - jogadores, comissão técnica, jornalistas e tripulantes - e um pensamento positivo que o tempo irá cicatrizar a dor e o sofrimento de vocês. A cicatriz fica, mas a dor um dia é superada.