Em dois dias, dois dos meus entretenimentos preferidos deram adeus. Domingo foi transmitido o último episódio de
Saint Seiya Ômega, um
spin-off da saga Clássica dos Cavaleiros do Zodíaco - com Seiya, Saori e cia. - e no dia seguinte, o último episódio de
How I met Your Mother, um sitcom da CBS, que durou nove temporadas.
ATENÇÃO: SE VOCÊ ASSISTE UM DOS DOIS PROGRAMAS, AVISO LOGO QUE O TEXTO CONTÉM SPOILERS.
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Não é BEM esse tipo de spoilers... mas enfim... |
Acho que agora, já deu tempo de quem não querer ler sair do blog, né? Pois bem, vamos lá.
Primeiro, vou falar de Ômega. O anime foi MUUUITO criticado pelo público aqui do Brasil, inclusive dentro de grupos do facebook destinados para o anime. Durante os quase dois anos de exibição sempre foi comparado aos outros animes da saga (a saga clássica e a The Lost Canvas). Amado por uns, odiado por outros, foi chamado de "
Sailor Moon", de "
As Guerreiras Mágicas de Rayearth" (né,
Pedro Gil?)... enfim, dividiu opiniões e foi polêmico por fazer isso. Mas como o blog é meu, vou dar a minha humilde opinião.
O anime não foi uma maravilha não, mas eu gostei muito dele. Tudo bem que a primeira parte da primeira temporada (digamos que a Saga de Palaestra) teve suas mudanças, que não agradaram muito, principalmente a troca das urnas pelas cloth stones (pequenos cristais usados como colares, anéis, pulseiras e brincos) para guardar as armaduras e o advento dos elementos - água, terra, fogo, vento, trovão, luz e trevas -, o qual cada cavaleiro tinha o seu. Para mim, não foram dois pontos que me desagradaram, pois os elementos, querendo ou não, já estavam meio que inseridos no universo CDZ não explicitamente: basta atentar para Shiryu usando a água no seu "Cólera do Dragão", Ikki com o fogo no seu "Avê Fênix" e Shun com o vento no seu "Tempestade Nebulosa". Tudo bem que não era algo que podia se dizer que ele controlava DE FATO tal elemento, mas digamos que em SSO isso possa ter sido tratado como um "desenvolvimento" de cada Cavaleiro durante os 13 anos que se passaram entre uma saga e outra, assim como as cloth stones; basta você abrir um pouco a sua mente para o novo. Mesmo assim, tais "novidades" foram descartadas já na segunda parte da primeira temporada, a saga das doze casas, e reforçadas na primeira parte da segunda, a saga dos Pallasites.
Fora isso, tivemos outras polêmicas feitas por fãs mais xiitas do anime. Concordo em algumas coisas, como que muitas vezes perdia-se o foco sobre quem seria o protagonista da saga e alguns episódios de pura enrolação, mas reitero que gostei muito da saga. Tivemos personagens que souberam aparecer na hora que deveriam (vide os Cavaleiros de Ouro, quando a briga começou a ficar feia MESMO), o desenvolvimento das armaduras, dos poderes (o surgimento do tão falado Ômega, que se deu de uma forma gradual), o advindo dos cavaleiros chamados de "lendários" (Shiryu, Hyoga, Shun e mais tarde, Ikki), unindo-se a Athena ao combate, as mortes que emocionaram (Aria e Genbu, dentre outras)... tudo muito bom. O final, como era de se esperar, não agradaria a todos. Mas mesmo assim, a série foi um sucesso no Japão e creio que aqui também tenha sido, pois até mesmo os haters de plantão acompanhavam o anime, sabendo que ele não era a continuação oficial de CDZ, que não tinha o dedo de Kurumada na produção do anime, acompanharam praticamente todos os episódios, mesmo que apenas para falar mal de uma cena, um personagem ou o que quer que fosse. Para mim, isso é fazer sucesso: atrair a atenção de todos, os que gostam e os que não gostam.
Agora, vamos para How I Met Your Mother.
Como disse antes, no dia seguinte ao fim de Saint Seiya Omega, foi o fim de How I Met Your Mother. Durante 9 temporadas, mais de 200 capítulos, a trama centrada em Ted, Marshall, Lilly, Robin e Barney chegou ao seu final, também dividindo opiniões. Muitos falaram que o final foi um lixo, mas outros tantos - assim como eu - disseram que o final deveria ser exatamente do jeito como ocorreu.
Até o S09E22, tudo caminhava para uma vida longa e feliz de Barney e Robin, que foram trabalhados quase que toda a oitava temporada como sendo o casal que um combinava-se muito bem com o outro, e Ted com a
mother - que mais tarde descobriríamos se chamar Tracy -, vivendo felizes com seus dois filhos. Na nona temporada, foram 22 episódios que tinham uma boa quantidade de carga dramática, me levando às lágrimas em boa parte deles. Tudo levava a crer que o S09E23 seria totalmente centrado em Ted e sua futura esposa, principalmente no primeiro diálogo entre eles. Mas aí é que entra a reviravolta da história: apesar de não ter toda a carga dramática que vinha tendo, o que se viu no final foi Barney e Robin se divorciando três anos depois do casamento, por causa principalmente do trabalho dela, ao mesmo tempo que ela finalmente sentia a ficha cair de que, de fato, o cara da sua vida era Ted, aquele que sempre esteve lá por ela, e agora ela o via casando e não poderia fazer nada para impedir; e um Ted que demonstra ser feliz e amar muito Tracy em cada momento da sua vida de casado, como foi demonstrado nas cenas que sucederam após seu casamento - com um destaque brilhante para o primeiro diálogo "cronológico" entre o casal, embaixo de um dos ícones da série, o guarda-chuva amarelo, com direito a frases repetidas e várias coincidências.
Daí, o que se sucedeu foi fácil de prever: apesar de se chamar How I Met
Your Mother, o propósito trazido por esse nome se pareceu mais com uma "trama paralela"; o foco principal da série, desde o primeiro capítulo até os últimos foi sobre o amor de Ted por Robin. Percebemos isso em várias ocasiões, praticamente todos os seus relacionamentos durante a série tiveram o fator "Robin" como um peso determinístico para os seus respectivos fins, além de mostrar bem como ele sentia-se meio que incomodado com os relacionamentos dela, especialmente com seu "bro" Barney. HIMYM poderia muito bem se chamar "How I Met
Your Aunt Robin". No fim, Ted demonstrou seu amor por Robin, aquela por quem realmente sua vida girava em torno e hesitou muitas coisas por causa da felicidade dela; e com o aval de seus filhos, foi atrás dela com outro ícone da série: a trompa azul. Aquela cena, sem que fosse necessário se dizer uma palavra sequer, resumiu o verdadeiro foco de HIMYM: a série nunca foi sobre o guarda-chuva amarelo; e sim sobre a trompa azul.
Além do desenrolar de Ted e Robin no final, é importante salientar o sonho de Marshall alcançado - ser um juiz. O casal "Marshmallow & Lillypad" foi a constante durante esses nove anos de série, sempre se apoiando, passando apenas alguns poucos episódios separados. E o desfecho de Barney foi perfeito, no meu ver. Um cara que passou praticamente 8 anos caçando mulheres afora, dos mais diversos modos, não mudaria seu jeito de ser por uma mulher qualquer. Em suas palavras:
"Sei que houve um tempo que parecia que eu ia relaxar.
Mas se não aconteceu com a Robin, não vai acontecer com mais ninguém.
[...] Eu sou o cara que arruma a gravata, diz algo sujo,
comemora consigo mesmo e vai falar com aquela garota ali.
Esse sou eu. Será que eu posso, por favor, ser eu?"
(STINSON, Barney)
E quando você espera Barney ser fadado à vida a qual levou durante toda a série, demonstrando até um pouco de tristeza por terminar assim, eis que surge Ellie, sua recém-nascida filha, fruto de mais uma de suas peripécias sexuais. E foi assim, de um modo incrivelmente construído, com um texto incrivelmente emocionante falado por Neil-Patrick Harris - me fazendo chorar -, que ele realiza seu sonho de ser pai - coisa que Robin não podia o proporcionar -, e enfim, relaxa por causa de uma mulher.
Tudo isso... todo esse final e seus acontecimentos foram pensados desde o início do seriado. A cena de Ted conversando com os filhos, a menos de 10 minutos da
series finale, foi gravada no segundo ano de produção da série, para aproveitar os jovens sem alterações físicas, demostrando que o que foram 9 anos para nós, foi um mero bate-papo para o pai e seus filhos. Tudo que ocorreu no seriado, cada ação, cada fato novo, cada desfecho de micro-histórias... tudo já estava na cabeça dos idealizadores da série, Carter Bays e Craig Thomas. Tudo muito bem encaixado, planejado. Nenhuma cena ou detalhe está ali "por estar": tudo tem um propósito no fim. Além disso, os episódios memoráveis, como quando descobriram que Robin era uma cantora teen de sucesso no Canadá, o que Ted e Marshall ficam nóiados em estádio ou o que eles iriam assistir o Superbowl apenas no dia seguinte, gravado, e não poderiam ler ou ouvir nenhum spoiler do jogo; e os "ícones" da série que o deixavam vidrado em cada episódio: o abacaxi, a cabra, o playbook e os
slaps (todo mundo que assistia HIMYM ficava na ansiedade de descobrir quando seria o próximo
slap)
.
Independentemente se você gostou ou não do episódio final, analise a série COMO UM TODO. E fazendo isso, você entenderá que, como disse o pessoal do InSUBs, que legendou o episódio:
"O que realmente importa na vida não é o destino,
e sim a jornada. E não podemos negar
que a jornada deles foi len...
Bom, vocês já sabem o resto."
Sim, ela foi
LEGENDARY! É isso que faz com que How I Met Your Mother, no meu ver, ser uma das melhores séries de comédia já produzidas. Melhor até do que Friends. Mas esse embate eu deixo para um outro post...